Eu vim correndo, de navio, de trem, jumento e avião, Sou cowboy, índio, indigente estrangeiro e meio irmão, Tenho sangue de barata, de portuga e alemão Afro-xicano, americano, bolchevique e argentino A bóia-fria, todo dia é Milkshake Severino
Sou moreno, amarelo, rubro, cinza e albino Eu trabalho no boteco, na escola dou ensino Dou a bença com uma mão e com a outra eu assassino Macunaíma de Andrade era quase o inquilino, Foi esse cabra que bebeu o Milkshake Severino
Eu sô bicho do cangaço, da cidade e lá do mangue Eu me vejo dos dois lados quando assisto bangue-bangue Tenho todo abecedário no exame do meu sangue A noite rezo e já peço "livre o mundo dos cretino" E já viro na golada o Milkshake Severino
Vou no lombo do meu boi para a festa do Divino Vou pra entrega do Oscar com meu terno: é linho fino Vou seguir na procissão e dispois tocá o sino Vou servir no coquetel o Milkshake Severino