Crédito foto: Ana Karina Zaratin / Divulgação

O cantor Nasi, da banda Ira!, comentou pela primeira vez sobre o cancelamento de quatro apresentações da banda no Sul do Brasil, que ocorreriam entre os dias 30 de abril e 3 de maio de 2025. Os eventos em Jaraguá do Sul, Blumenau, Caxias do Sul e Pelotas não vão mais acontecer e o motivo teria sido a sua postura durante um show em Contagem, Minas Gerais, no qual pediu que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se retirassem após ele gritar "sem anistia" e ter sido vaiado por isso.

Em entrevista à Billboard Brasil, o cantor revelou que os cancelamentos foram acordados com o contratante devido ao "bombardeio desses fascistas", referindo-se aos apoiadores de Bolsonaro. Nasi afirmou que a banda emergiu da situação ainda mais forte.

O vocalista disse: “Esses shows foram cancelados em comum acordo com o contratante. Fizemos com muita tranquilidade. A gente achou, por ora, transferir para o futuro. Porque houve um bombardeiro desses fascistas. Porque eles agem de maneira fascista.”

Ele acredita que a reação negativa foi fabricada e que muitos críticos nem tinham a intenção de comparecer aos shows. "É engraçado porque até o contratante falou que recebeu mensagens de pessoas de Manaus, algo como ‘ah, eu não vou no show' (risos). O cara nem ia no show! Esses caras que estão enchendo o saco aí, robozinho… Todo mundo sabe como o gabinete do ódio age, né? Daqui a pouco eles pegam outro para Cristo. Numa boa, o Ira! saiu maior do que entrou nessa história", desabafou.

Em sua fala durante a apresentação em Contagem, onde recebeu vaias de parte do público, Nasi exclamou que quem não entendia a essência do Ira! deveria ir embora e que também não comparecesse mais aos shows, nem adquirisse seus discos. Sobre isso, Nasi admite ter se exaltado um pouco.

"Eu, talvez, tenha exagerado, e não tenha sido claro quando eu falei. Eu não expulsei ninguém. Primeira coisa, eu não falei: “Saiam daqui agora”. Eu não mandei nada. Eu falei assim: “Olha, vocês não conhecem a história do Ira, não conhecem as letras do Ira!”, comentou.

Ele ainda completou dizendo: "O Ira! é uma banda progressista. Nós somos democráticos. Nós passamos pela ditadura. O que eu quis dizer é o seguinte: eu não quero ter público fascista. Agora, se o público fascista, de extrema-direita, quer consumir minha música, o que eu posso fazer? Posso fazer nada. Não é do meu agrado, sabe? Eu não quero. Tem outras bandas. Vão curtir Ultraje a Rigor. Eu tenho 50 shows até o final do ano. O Ultraje tem seis. Por que eles não vão encher o saco dos contratantes para contratá-los?".

A Billboard Brasil ainda perguntou a Nasi se ele chegou a pensar em sua postura à frente da banda em regiões onde Jair Bolsonaro é mais popular. O vocalista do Ira!, então, respsondeu à pergunta contando uma história que viveu com a banda em Boa Vista (RR).

"Cara, isso é tão fugaz. Eu vou te dizer: no sábado seguinte (à apresentação em Contagem), nós fomos fazer show em Boa Vista, Roraima. E fomos avisados: “olha, pessoal, 80% daqui votou no ‘coiso'”. Inclusive, encontro de motociclista, sabe? Cara, os motoqueiros foram me receber na pista, falaram do show… Eu ainda brinquei com eles que ia ser tranquilo e sem polêmica. O show foi totalmente normal. Eu até me decepcionei porque não vi um desgraçado me dar o dedo do meio. Sabe? Eu já tava preparado. Show foi maravilhoso".