Que negra sina, ver-me assim Que sorte vil e degradante Ai que saudade eu sinto em mim Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de amor Que de um rapaz é o melhor Era um audaz conquistador Das raparigas
De capa ao ar, cabeça ao léu Só para amar vivia eu Sem me ralar E tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu Deixá-las eu era canja Até ao dia em que apareceu Essa traidora da franja
Sempre a tenir, sem um tostão Batina a abrir, por um rasgão Botas a rir Um bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais E a dançar nos arraiais P'ra namorar, beber, folgar Cantar o fado
Recordo agora com saudade Os calhamaços que eu lia Os professores da faculdade E a mesa de anatomia
Invoco em mim Recordações que não têm fim Dessas lições frente ao jardim No velho campo de Santana
Aulas que eu dava E se estudasse ainda estava Nessa classe a que eu faltava Sete dias por semana
O fado é toda a minha fé Embala, encanta e enebria Pois chega a ser bonito até Na rádio telefonia
Quanto é tocado com calor Bem ao cuidado e a rigor É belo o fado Ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular Tem emoção faz-nos vibrar E eis a razão De eu ser Doutor e ser Fadista
Compositores: Jose Maria Galhardo (Galhardo Jose) (SPA), Raul Ferrao (SPA), Raul Portela (SPA)Publicado em 2010ECAD verificado obra #22767699 e fonograma #12333427 em 11/Abr/2024 com dados da UBEM