Mãe Por que não me deixaste a vida inteira Com lã no umbigo, de castigo, na soleira Roendo unha e falando palavrão?
Ô mãe Eu tava me esfregando com urtiga Esmagando crânios de formiga Com um pau de sorvete esburaquei o chão
Mãe Por que não me deixaste a vida inteira Esperando a hora da senhora vir da feira Pra mandar o medo ir lamber sabão?
Ô mãe Eu acho que engoli um parafuso O mundo todo anda tão confuso Eu queria tanto a tua mão
Mãe Vê se me desculpa a choradeira Mas é que foi no melhor da brincadeira Que a senhora me mandou crescer
Mãe Hoje eu já não deixo o nariz sujo Já não coleciono caramujo Mas ainda preciso de você
Mãe Por que ficaste assim a vida inteira Cuidando pra que eu não batesse a moleira Se era pra apanhar da vida então
Ô mãe Por que a gente ainda se utiliza De limpar os sonhos nas mangas da camisa De cortar os pés nos cacos de ilusão
Mãe Mandaste que eu não tomasse gelado Me ensinaste a não ser mal educado Me levaste à escola pela mão
Ô mãe Cuidaste bem da minha catapora Hoje sou homem forte e agora Posso seguir a minha solidão
Compositor: Kleber Fernando de Albuquerque (Kleber Albuquerque) (ABRAMUS)Publicado em 1996 (01/Dez)ECAD verificado obra #2413191 e fonograma #24056 em 08/Abr/2024 com dados da UBEM