Rico quando vai Desta vida, sempre vai de mau humor Ir deitado de casaca é um terror Abafado e morto de calor Aturar a marcha fúnebre
Só de imaginar Que os amigos vão deitar nos seus sofás Vão tomar os seus vermutes, os seus cristais E as suas mulheres principais Já na beira do seu túmulo
Gente, quanta gente Que excelente funeral Ficas bem de preto E o cabelo ao natural Dizem que o eminente Triplicou seu capital Vai sobrar para gente Que nem viu ele vivo Tem até donativo Para as obras do hospital
II Enterro de pobre
Pobre quando vai Sempre dizem que ele vai para uma melhor Vai olhando aquela gente a seu redor Todos com poeira e com suor E ele achando a coisa ótima
Só de imaginar Que os amigos vão pagar o seu caixão O barbeiro, o aluguel do rabecão O vinho do padre, o sacristão E o sermão na igreja gótica
Gente, não tem gente Tem parente pobre só Esse teu modelo Mais parece um dominó Nem o indigente Quis herdar seu paletó Vai sobrar para a gente Que nem viu ele vivo Tem até um passivo No caderno do Jacó
Compositores: Eduardo de Goes Lobo (Edu Lobo) (ABRAMUS), Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editores: Lobo Music Producoes Artisticas Ltda. (ABRAMUS), Marola Edicoes (UBC)ECAD verificado obra #39610 em 11/Abr/2024