a vida vem de mim
transformo a noite em dia
o brilho do marfim
no espelho da baía
pra todos digo sim
eu sou a luz que guia
o verde do capim
que o olho acaricia
e na ciranda do céu
sou eixo de rotação
o centro do carrossel
o olho do furacão
a tinta e o pincel
o rosa que irradia
o branco do papel
na página vazia
o ouro do leão
vermelho hemorragia
o negro do carvão
sem mim nada seria
a brasa, a brisa, o calor
invade a porta no vão
sou fonte de toda cor
eu seco a chuva no chão
sou só
eu sou só
só eu sou
tão só

fotossintetizador
cápsula de energia
faço brotar a flor
flash e fotografia

sou feito de explosão
que nunca se sacia
grão de constelação
gema da astrologia
eu sou o fogo ancestral
o avesso da escuridão
o corpo celestial
boiando na imensidão
sou só
eu sou só
só eu sou
tão só