Desassombrado, Eu desassombrei. Eu pensei que o malassombro Fosse maior do que eu.
Ói, meus senhores, Vou contar minha odisséia: Viajei no pé da idéia Prá tecer este cantar.
E galopando No chitão de minha burra Fiquei preso numa furna Sem poder mais cavalgar.
Eu tive medo, Vi tudo da cor da noite, Um ente com uma foice Querendo me degolar.
Eu me azouguei E disse prá ele se tremer: Mando-o pro diabo comer Com farofa de embuá.
No outro dia, A brazucã me apareceu, Minha alma esrtemeceu, Eu fiquei pra me acabar.
Aí pensei: Me valei nossa senhora, Não me leve nessa hora, Ainda quero vadiar.
Devagarinho, Fui ponteando a rabeca, Me lembrei de minha terra Pra eu me desanuviar.
E descancei! Mas não pense que sou covarde, Eu carrego um bacamarte, Quando quero atiro, pá!
Corri as terras No trote da caluzinha, Não pensei que o mundo tinha Tanta coisa pra ajeitar.
Fui à tchechenia, Dei um pulo lá na china, Estava na conchichina Tentaram me despachar.
Mais viajando Vi branco mulato negro, Nas ruas de sarajevo Vi o mundo se acabar.
Eu vi os jatos Pelos céus fazendo zum...! Ouvi as bombas, tebedum! Os fuzis ta-ra-ta-tá!!!
E refreando A pisada do meu trote Vou findar o meu galope Com os olhos na beira-mar.
Eu vi um anjo No cordão das bonitezas Me dizendo miudezas Que era para eu sossegar.
Limpei a vista, Sacudi o meu calvário. Nas contas do meu rosário Prossegui meu caminhar.
É manga-espada, É manga-rosa, é manga-roxa. Essa é minha trouxa, Vou por aí desassombrar.
Compositor: Antonio Carlos Nobrega de Almeida (Antonio Nobrega) (UBC)Editor: Editora Nossa America Ltda. (AMAR)Publicado em 2012 (26/Jul) e lançado em 2012 (30/Set)ECAD verificado obra #3795 e fonograma #3682783 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM