Eu sou aquele boizinho Que nasceu no mês de maio Desde que nasci no mundo Foi só pra sofrè trabaio
Fizeram logo o batismo Lá nas margem do riozinho Por causo da minha cor Fui chamado Amarelinho
Quando eu tava de ano e meio Já fizeram amansação Em vez de amansá de carro Amansaram de carretão
Carreiro que me tocava Era um mulato tipão Me dava com o pé da vara E chuchava com o ferrão
Me dava com o pé da vara Só fazendo judiação Eu preguei uma chifrada Que varou seu coração
Aí meu senhor já disse: - Vou mandá esse boi pro corte Não trabaia no meu carro Boi que já deve uma morte
Olhei pro arto da serra E avistei dois cavaleiro Com dois laço na garupa E dois cachorro perdigueiro
Pois era o senhor patrão Que vinha me visitar E o marvado carniceiro Que já vinha negociar
Adeus campo de Varginha Terreno dos ananáis Os zóio que me vê hoje Amanhã não me vê mais
Eu cheguei no matadô Não encontrava saída O melhor jeito que tenho É entregar a minha vida
O marvado carniceiro Já correi afiá o facão Pra largar uma facada Bem certo no coração
Eu já fiz minha promessa Pra quem meu couro tirar Que o mundo dá muita vorta E sem camisa há de ficar
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Raul Montes Torres (Raul Torres) (UBC)Editor: Bandeirante (UBC)Publicado em 2001 (26/Abr)ECAD verificado obra #36982 e fonograma #2745 em 01/Abr/2024 com dados da UBEM